Museus e centros de difusão de arte contemporânea são o pão nosso de cada dia no habitual roteiro cultural dos lisboetas. Mas, onde andam os artistas emergentes? Esses que não correm as bocas do mundo? Nestas galerias, está claro. Muitos deles ao lado de grandes nomes da arte nacional e internacional. Ora tome lá uma lista de galerias de arte alternativas, algumas ainda meninas e moças na capital onde se compra e desfruta de arte em todos os moldes. Cada uma delas merece uma visita com olhos de lince, atentos ao mais pequeno detalhe.
1. Sokyo Lisbon
Há muito que Atsumi Fujita, directora da Sokyo em Quioto, procurava abrir uma galeria de arte contemporânea na Europa. Mas foi apenas em 2019, após uma visita a convite de um coleccionador português, que a curadora encontrou em Lisboa a cidade perfeita para o fazer. Na agora Sokyo Lisbon, ainda que a cerâmica seja o meio artístico privilegiado, a galeria não irá circunscrever-se a esta expressão, mas irá cobrir a arte contemporânea de forma mais abrangente. Da mesma forma, também não irá restringir-se a artistas japoneses, mesmo se nos primeiros tempos, beneficiando da parceria com a Sokyo Gallery no Japão, estiver focada sobretudo em artistas de origem nipónica nunca antes expostos em Lisboa.
2. Galeria Underdogs
Nascida em 2010 num armazém colossal do Braço de Prata, por aí passam alguns dos mais mediáticos artistas da actualidade. Dantes, o grande corpo artístico que é a Underdogs vivia com um pé em Marvila e outro no Cais do Sodré, mas os pés juntaram-se para caberem todos dentro do armazém na Rua Fernando Palha. Se antes havia duas casas a albergar obras de arte, agora passa a haver só uma – a Underdogs Art Store está instalada em Marvila, junto da galeria que sempre esteve por ali. Além disso, há também a Underdogs Capsule, dedicada a pequenas exposições e projectos experimentais.
3. Muñoz Carmona Art & Gallery
O Bairro Alto Hotel tem tudo. Tem camas, restaurante, um terraço com vistas inacreditáveis, uma pastelaria aberta a todos, mas faltava-lhe algo para ocupar a porta do número 109 da Rua do Alecrim – uma galeria. A Muñoz Carmona Art & Gallery fez as honras da casa e ocupou-se de cerca de 50 metros quadrados para acolher exposições da dupla Thestudio, composta por Juan Carmona, fundador da galeria, e André Ribeiro. Aqui não haverá representação de artistas e o espaço quer ter exposições de dois em dois meses, intercaladas entre as do Thestudio e outras de artistas internacionais que nunca tenham exposto em Portugal, curadas por Deborah Harris, ex-diretora do The Armory Show, em Nova Iorque.
4. Campo Pequeno Art Gallery
Era o que faltava a Praça do Campo Pequeno depois dos restaurantes e de um shopping: uma galeria. O espaço veio para ficar dedicado às artes e vai recebendo exposições com regularidade, como qualquer galeria. Além da zona expositiva da Campo Pequeno Art Gallery, tem ainda uma loja de merchandising, com t-shirts, sacos de lona e canecas.
5. Galeria da Casa Molder
O selo está longe de ser um bem de primeira necessidade, mas esta loja, além de histórica, está na primeira fila das que tem de conhecer. Fundada por Augusto Molder, pai do conhecido fotógrafo Jorge Molder, deve hoje as portas abertas à paixão de Luís Santos e de Cármina Correia pelos quadradinhos de papel. Mas além da loja, nasceu também por lá uma galeria, um projecto da artista Adriana Molder, que pode ser visitada por marcação aos fins-de-semana e nos horários da loja durante a semana.
6. Galeria Vera Cortês
Vera Cortês dá nome à galeria que fundou em 2006, já trazendo a experiência dantes da sua agência para artistas emergentes. Agora, tantos anos depois, a galeria continua na missão de estabelecer uma colaboração duradoura com cada artista que por ali passa e, claro, com aqueles que representa como é o caso de Alexandre Farto aka Vhils, André Romão, Carlos Bunga, Gabriela Albergaria, José Pedro Croft ou Joana Escoval. A galeria Vera Cortês destaca-se também pela promoção do intercâmbio com artistas e curadores.
7. Galeria Cisterna
Na sua primeira vida, pelo menos de que há registo, foi reservatório de água. A antiga cisterna do século XVII, paredes meias com a Muralha Fernandina, renasceu – a partir da sua capacidade original de armazenar e partilhar – como galeria de arte contemporânea. Mas a programação da Galeria Cisterna não se esgota na rotina de uma galeria tradicional. Há, nos mais de cem metros quadrados, vontade para cursos, workshops e conversas com artistas, curadores e outros intervenientes culturais.
8. Galeria Brisa
O casal Bebel Moraes e Daniel Mattar veio directamente do Rio de Janeiro para se apaixonar por Lisboa. A paixão pela cidade e pela arte fez com que abrissem uma galeria de arte contemporânea – a Brisa. Com uma longa experiência na área da fotografia é aí que está o ponto forte deste novo espaço no Chiado. As vivências no mundo da moda brasileira – ela como stylist e ele como fotógrafo – motivaram vários projectos fotográficos que abordam temáticas das sociedades tradicionais e que agora trazem para a nossa cidade.
9. Oficina Impossível
Antes de ser o que é hoje, foi uma mercearia, um atelier de arquitectura e até uma biblioteca genealógica. No número 102 da Calçada Marquês de Abrantes, em Santos-o-Velho, vive agora a Oficina Impossível, onde os sonhos de artistas e artesãos se concretizam à medida das suas vontades. O espaço, que inclui um cowork, passou a ser “uma galeria viva com artistas e artesãos lá dentro”.
10. Malapata
Abriu portas já a pensar numa nova vaga de autores cheios de jeito para o desenho, mas não se esqueceu dos nomes consagrados. A Malapata é um espaço exclusivamente dedicado à ilustração, onde brilham artistas como João Fidalgo, Murta, Tânia Ferrão e Madalena Braga. O formato, esse, é ao gosto do freguês. A galeria tem um gosto especial por coisas pequenas, do clássico A4 aos sacos de lona e pins.